- A desdolarização das nações do BRICS está enfrentando sérios obstáculos à medida que o recém-eleito presidente dos EUA, Donald Trump, enfatiza a importância de manter a posição internacional do dólar americano.
- Há mais de uma década, os formuladores de políticas do BRICS têm se concentrado em reduzir a dependência do dólar, mas a maioria das transações internacionais e outros mercados emergentes ainda são faturados em dólares.
A aliança dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) vem pressionando pela “desdolarização” para reduzir a dependência do dólar americano no comércio e nas finanças globais há mais de uma década. Entretanto, surgem desafios devido ao papel arraigado do dólar nos mercados emergentes e nas finanças. Vladimir Putin, presidente da Rússia, ofereceu uma perspectiva diferenciada ao delinear a posição da Rússia sobre o uso do dólar americano na aliança do BRICS.
Em uma entrevista na quinta-feira, Putin esclareceu que a Rússia não pretende romper abruptamente com o dólar. Em vez disso, a Rússia planeja limitar o papel do dólar na liquidação de transações internacionais. Putin descreveu o dólar como um “pilar do poder dos EUA”, o que implica que os países estão explorando outras moedas em resposta às mudanças nas condições econômicas globais.
JUST IN: 🇷🇺🇺🇸 President Putin says Russia is not abandoning the US Dollar. pic.twitter.com/zsNsCyHN53
— BRICS News (@BRICSinfo) November 7, 2024
Durante a campanha de Donald Trump, ele deixou claro que, se ganhasse a corrida presidencial, pressionaria para manter o dólar americano como moeda de reserva mundial. Durante um comício em Wisconsin, ele afirmou que os países que se afastarem do dólar não poderão deixá-lo para trás sem consequências. Se optarem por abandonar o dólar, eles se verão impossibilitados de fazer negócios com os EUA, pois o país imporá uma tarifa de 100% sobre seus produtos. Com a vitória de Donald Trump nas eleições de 2024, é provável que o BRICS enfrente desafios significativos.
Planos do BRICS para destronar o dólar
Durante a entrevista, o presidente do BRICS acrescentou que os pagamentos em dólares estão diminuindo gradualmente, mas como um meio de economia, está diminuindo passo a passo. Além disso, o presidente reafirmou que essa medida está simplesmente enfrentando o desafio dos tempos modernos, impulsionado pela evolução das condições econômicas globais.
Conforme detalhado no nosso relatório anterior, a estratégia financeira do BRICS se concentra em várias iniciativas importantes. Em primeiro lugar, os países membros estão trabalhando na criação de sistemas robustos de pagamento interbancário que facilitem as transações internacionais. Esse sistema conectará as redes de pagamento de cada país membro, permitindo que eles realizem transações de forma independente.
Além disso, há uma tendência crescente entre as nações do BRICS de realizar comércio usando suas moedas locais, o que aumentará a colaboração econômica dentro da aliança. Ao fazer isso, o BRICS pretende aumentar sua independência financeira, tornando suas economias menos vulneráveis às flutuações do dólar e reduzindo a influência dos EUA sobre suas transações financeiras.
Além disso, os líderes do BRICS, inclusive Lavrov, sugeriram que a aliança pode se expandir à medida que mais países forem atraídos pelo potencial de uma estrutura econômica mais equitativa. Notavelmente, os membros fundadores do BRICS deram as boas-vindas a cinco novos membros: Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos (EAU) durante sua cúpula em outubro.
Embora Donald Trump e a coalizão do BRICS estejam em lados opostos quando se trata do papel do dólar americano, ambos compartilham um interesse comum em promover a adoção de criptomoedas. O BRICS, por exemplo, fez planos para estabelecer instalações de mineração de Bitcoin e computação de IA nos países do BRICS. Esse movimento destaca uma tendência mais ampla em que diferentes figuras políticas e alianças globais reconhecem o potencial das criptomoedas, apesar de suas visões diferentes sobre os sistemas financeiros tradicionais.
